A menos de duas semanas do segundo turno das eleições presidenciais mais polarizadas da história da democracia brasileira, e após quatro anos de um estado permanente de violação de direitos dos povos tradicionais, a Assembleia Anual da Uma Gota no Oceano teve lugar no Rio de Janeiro, no dia 18 de outubro. A ONG reuniu membros do seu Conselho, jornalistas, formadores de opinião e ativistas socioambientais, pesquisadores e representantes de três organizações de populações tradicionais com as quais a gota trabalha na Amazônia – CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação dos Quilombos), COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas) – para compartilhar conquistas e desafios para a comunicação na Amazônia.
Assim como nos anos anteriores, o evento foi realizado de forma híbrida, com a maioria dos parceiros presentes, mas parte dos convidados participando virtualmente, caso dos conselheiros Carlos Rittl, Sergio Besserman, da jornalista Flávia Oliveira e da deputada federal eleita por São Paulo e ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva.
O evento foi dividido em duas partes. Na primeira, os conselheiros da GOTA acompanharam a apresentação dos resultados das mudanças realizadas na equipe, com a presença cada vez maior de profissionais amazônidas, uma das estratégias adotadas para atuar diretamente com a imprensa regional na Amazônia e, também, para garantir esse “olhar amazônico” ao conteúdo produzido pela Gota nos projetos de comunicação estratégica que integramos, compromisso assumido em 2019. Hoje, a Amazônia Legal é nossa principal área de atuação e quatro dos cinco jornalistas que integram a equipe editorial da Gota são da Amazônia.
Além da presença da diretora-fundadora de Uma Gota no Oceano, Maria Paula Fernandes, que falou sobre os desafios enfrentados – e superados – ao longo do último ano e também dos que se apresentam para o futuro, e da editora na Amazônia, Monica Prestes, que apresentou as atividades realizadas pela Gota em 2022 e o impacto de nosso trabalho, principalmente, na Amazônia, os conselheiros foram apresentados ao coordenador de Relações Institucionais, Victor Affonso, que assumiu recentemente mas trouxe ao posto o diferencial do ‘olhar e pensar’ de um jornalista nascido na Amazônia, mas com bagagem da atuação em outros estados e países. Também foram apresentados novos integrantes da equipe, como a subeditora Luciana Giradelo, nascida e baseada no Mato Grosso, o produtor Vinícius Leal, que é do Amazonas, a social media Gabriela Helena Borges, de Pernambuco, e a assistente de Projetos, Camila Perussi, de São Paulo.
A atuação da Uma Gota no Oceano na Amazônia, seja em ações permanentes ou emergenciais, e os resultados positivos dessas articulações que envolveram organizações de base, instituições parceiras, a academia, formadores de opinião e a imprensa, também foi apresentada aos conselheiros por meio de um mapa produzido para ilustrar a presença da Gota no Brasil e os momentos-chave de nosso trabalho, como o ATL 2022, Aquilombar 2022, ataques de garimpeiros contra indígenas Xipaya e Yanomami, o assassinato de Bruno Pereira e Dom Philips na Amazônia e ameaças a Unidades de Conservação do Mato Grosso e do Pantanal. Nossa presença em eventos relevantes, como os encontros dos coletivos Observa-MT, da rede Observatório do Clima, do GT Infraestrutura, a 13ª Assembleia Geral da Coiab e nos fóruns Amazônia Sustentável e Social Pan-Amazônico também foi destacada.
Após a apresentação dos resultados e desafios para os conselheiros da ONG, jornalistas, formadores de opinião e outros parceiros se juntaram ao time da Gota para uma roda de conversa cujo tema era “Amazônia pela Amazônia” e que contou com a presença de Juma Xipaia, liderança indígena e cacica de uma aldeia no Médio Xingu, Ronaldo dos Santos (CONAQ), Joaquim Belo e Dione Torquato (CNS), Tasso Azevedo (Mapbiomas) e a ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva, que abriu a roda de conversa com um convite para que todos abracem o desafio de fazer uma coalizão pró-Amazônia para reverter o cenário catastrófico e alarmante em que a região foi colocada nos últimos anos.
Entre os conselheiros, estiveram presentes Miguel Pinto Guimarães (presidente do conselho e nosso anfitrião), Marcia Hirota (SOS Mata Atlântica), Cristiane Costa (ECO/UFRJ), Rachel Biderman (Conservação Internacional), Adriana Ramos (ISA), Mariana Roquette Pinto (empresária) e Marcos Prado (cineasta). Virtualmente, compareceram Ricardo Baitelo (IEMA), Carlos Rittl (conselheiro da Fundação Rainforest Noruega), Leticia Tura (Fase), Roberto Vámos (fotógrafo e consultor) e Sergio Besserman (coordenador do Climate Reality Project Brasil).
Além deles, contamos com presenças ilustres no momento de nossa roda de conversa: o jornalista André Trigueiro, o documentarista Richard Ladkani, a apresentadora Regina Casé, o cineasta Estevão Ciavatta e o ativista ambiental João Fortes.