Não se trata mais apenas de resistir, é preciso reagir. O último Dia Internacional do Meio Ambiente (5/6) pode ser um marco dessa virada: o governo aproveitou a data para anunciar a ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que passou de 65 mil para 240 mil hectares. Isso só foi possível porque a sociedade se mobilizou e se fez ouvir. Juntos, fizemos a diferença. Se continuarmos unidos, podemos conquistar novas vitórias e impedir os retrocessos ambientais que estão sendo gestados no Congresso Nacional.
Em escala planetária, a reação começou há alguns dias, quando os demais líderes do G7, grupo que reúne os países mais poderosos do mundo, deixaram o presidente americano Donald Trump falando sozinho e reafirmaram o seu compromisso com o Acordo de Paris. Trump e os negacionistas ficaram isolados até nos EUA, pois estados, cidades, universidades e empresas do país já anunciaram que vão continuar seus esforços para combater as mudanças climáticas. No dia 5/6, foi divulgada uma carta aberta, com mais de mil assinaturas, intitulada “Ainda estamos dentro”, que denuncia o “grave erro” cometido por Trump ao se retirar do tratado. Os signatários, liderados pelo empresário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg – atual enviado especial da ONU para o clima -, também asseguram que continuarão “apoiando ações pelo clima para cumprir o Acordo de Paris”.
A defesa do meio ambiente é um trabalho de formiguinha, pois exige muita dedicação e senso de coletividade. Mas o esforço individual de cada um também conta, e muito. Um bom exemplo disso é o do agricultor Antonio Vicente, que plantou uma floresta sozinho, a 200 quilômetros de São Paulo. Hoje com 84 anos, ele comprou em 1973 um pedaço de terra de 30 hectares, preocupado com a devastação que via à sua volta: “Quando era criança, os agricultores cortavam as árvores para criar pastagens e pelo carvão. A água secou e nunca voltou. Pensei comigo: ‘a água é o bem mais valioso, ninguém fabrica água e a população não para de crescer. O que vai acontecer? Ficaremos sem água”. Ao longo desses anos, ele plantou, uma a uma, as 50 mil árvores de sua propriedade. De lá para cá, a Mata Atlântica paulista perdeu cerca de 183 mil hectares para a agricultura. Mas na floresta de Seu Antônio tem até bicho: “Há tucanos, todo tipo de aves, pacas, esquilos, lagartos, gambás e, inclusive, javalis”, conta ele.
No Pantanal, a bióloga Neiva Guedes criou o Projeto Arara Azul, que está conseguindo salvar a ave homônima da extinção, monitorando cem ninhos naturais e artificiais e promovendo a educação ambiental, para evitar a caça. Neiva teve a ideia ao visitar a região para um curso sobre conservação e se deparar com uma árvore seca, apinhada de aves. “Parecia uma árvore de Natal, mas, em vez de bolinhas, tinha araras. Foi paixão à primeira vista. Ouvi do professor que a espécie poderia desaparecer se nada fosse feito. Eu não era pantaneira nem ornitóloga, mas fiquei determinada a fazer alguma coisa”, conta. Hoje, graças à sua iniciativa, mais de 5 mil indivíduos povoam o Pantanal.
Quer fazer a sua parte? Se informar e compartilhar informação é um bom começo.
Conheça melhor a história de Antonio Vicente, na BBC Brasil: A incrível história do brasileiro chamado de louco pelos vizinhos por plantar a própria floresta
Saiba mais sobre o Projeto Arara Azul
E sobre a carta “Ainda estamos dentro”, no jornal O Globo: Políticos, empresas e universidades enviam carta aberta à ONU a favor do Acordo de Paris