Conquistas e desafios

janeiro 2018

O ano que passou foi tão disputado no campo socioambiental que teve prorrogação: muitas decisões importantes ficaram para 2018. Empenhamos tanto esforço que até esquecemos de agradecer a todos que estiveram do nosso lado até o apito final – seja traçando a estratégia do jogo, dando chutão para escanteio ou partindo para o contra-ataque. E também de celebrar as novas parcerias firmadas: seguindo com o jargão futebolístico, podemos dizer que foram reforços de peso. E nada como celebrar vitórias e demonstrar gratidão para ganharmos novos fôlego e entusiasmo para os muitos desafios que temos à frente.

“Salve o verde do Xingu, a esperança/A semente do amanhã, herança/O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar/Preservar!”: começamos o ano no compasso do samba desfilando a causa indígena na Avenida com a Imperatriz Leopoldinense, do carnavalesco Cahê Rodrigues, e os povos da floresta representados por lideranças como os caciques Raoni e Megaron, o pajé Sapaim e Sonia Bone Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), parceira de tantas lutas; a guerreira Antonia Melo, do movimento Xingu Vivo; o documentarista Todd Southgate, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a International Rivers. Depois se juntaram ao bloco as atrizes Gloria e Cleo Pires, e Antonia Moares, na campanha Mexeu Com o Índio Mexeu Com o Clima; indígenas de outros países latino-americanos que vieram participar, pela primeira vez, do Acampamento Terra Livre; e o diretor Luiz Fernando Carvalho, com quem estamos desenhando uma nova jornada, junto à Operação Amazônia Nativa (Opan) e aos povos da Bacia do Juruena. Muitas gotas de suor.

Depois, entramos para valer no campo dos direitos dos povos quilombolas, convocados pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Nessa peleja, estiveram conosco na linha de frente os jovens atores Ícaro Silva, Letícia Colin, Sophia Abrahão e Sérgio Malheiros, e nossos velhos parceiros do Instituto Socioambiental (ISA); e garantindo a retaguarda, as mais de 100 mil pessoas que assinaram a petição Nenhum Quilombo a Menos e compartilharam nossos vídeos de campanha.
A bola já está rolando em 2018. Quem ainda não se juntou ao time, pode escolher a camisa, pois desafios não vão faltar e toda ajuda é bem-vinda. Nosso grito de guerra é o mesmo: nenhum direito a menos!

Neste ano, a véspera do Carnaval já nos reserva um desafio: dia 8 de fevereiro será retomado no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento mais importante da história dos quilombolas. É hora recuperar forças lembrando que quando o caso voltou a ser julgado primeira vez, em agosto, a luta dos descendentes de africanos escravizados no Brasil ainda não era tão conhecida; hoje, é até tema de novela da Globo. Ou seja, em 2018 a equipe está muito bem reforçada.

A Conaq puxou o coro: quilombo preserva, nenhum quilombo a menos! Só não entendeu quem não quis que, assim como acontece com os povos indígenas, a causa não era só deles, mas de todo mundo. Quilombo é a História do Brasil viva e garantia de terra preservada. Vamos ganhar essa primeira briga para reforçar ainda mais os nossos laços para as próximas. Em jogo desta vez, no time rival, está o velho fantasma do “marco temporal”, que há anos assombra os indígenas. No ano passado, os dois povos se aliaram em torno de uma causa comum; está na hora de botar esses times e torcidas mistas em campo novamente. Demarcação, já!

Mexeu com o índio e com o quilombola, mexeu com o clima. Ainda não inventaram jogada melhor do que a demarcação de terras dos povos tradicionais para a preservação das matas. E as florestas ajudam a regular a temperatura no planeta. Em 2017, demos um passo além noutra velha parceria e nos tornamos membros do Observatório do Clima.  Essa troca de passes nos fornece um repertório de informações que será fundamental para traçarmos nossa estratégia para a nova temporada. Bola pro mato (sempre!) que o jogo é de campeonato.

Saiba mais:

Unidos pela paz

Xingu na Avenida com a Imperatriz

Nós somos a terra

Não há lugar para Pinzóns no novo mundo

Ainda há quem nos meça em arrobas

Nenhum quilombo a menos

 

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