A temperatura dessas eleições está alta e a decisão das urnas pode fazer ela subir mais ainda – literalmente. Já parou para pensar no impacto que o seu voto tem no clima e na economia? Então, tenha muita frieza e cuca fresca na hora de escolher. O desmatamento é a segunda maior causa das mudanças climáticas. Que providências os candidatos à Presidência planejam tomar para detê-lo e cumprir as metas do Acordo de Paris? É para ontem, pois na Amazônia ele está prestes a atingir o seu limite irreversível; a partir daí, a maior floresta tropical e com maior biodiversidade do mundo pode se transformar numa savana quase sem vida.
Como eles pensam em explorar nossos recursos naturais causando o menor dano ambiental possível e surfar na onda do desenvolvimento ambiental, gerando ainda mais riquezas e empregos? É um mercado em plena expansão: a capacidade de geração de energia solar no mundo aumentou 54% em um ano, e mais do que triplicou em três. Esta será a fonte de energia mais barata em menos de uma década. Já a Dong Energy, gigante do carvão e do petróleo dinamarquesa, mudou de nome e de ramo: agora se chama Ørsted e acaba de inaugurar o maior parque eólico marinho do mundo. Em cinco anos a Europa vai dominar ¼ da produção global de energia eólica. Mesmo a Petrobras já começa a se aventurar por esses mares.
O dinheiro para essa transição de modelo econômico começa a chegar. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) acaba de captar US$ 100 milhões para investimentos em energia renovável, em parceria com o Banco Japonês para Cooperação Internacional (JIBC). Como será aplicado por nosso futuro governante? Entidades como o Observatório do Clima, o Instituto Socioambiental – ISA e o Greenpeace Brasil, e diversos órgãos de imprensa analisaram as propostas para a área dos programas de governo dos candidatos à Presidência. É um privilégio poder contar com informação de tamanha qualidade num momento tão conturbado, nessa guerra em que versões e opiniões se sobrepõem aos fatos. Para quem se preocupa com o futuro, mais do que nunca é preciso pensar no verde antes de apertar o verde.
Mesmo que já sintamos os efeitos das mudanças climáticas e que o tema seja fundamental para planejar o crescimento econômico do país, ele não tem recebido a devida atenção no debate eleitoral. O Greenpeace Brasil descobriu casos mais graves, como o do candidato que se compromete a extinguir o Ministério do Meio Ambiente e enfraquecer órgãos de fiscalização a crimes ambientais, como o Ibama, além de avançar sobre áreas protegidas, principalmente as Terras Indígenas.
Na análise feita pelo Observatório do Clima, os candidatos apresentam em seus programas de governo apenas ideias genéricas para enfrentar o problema. É preciso, por exemplo que haja uma revisão dos compromissos climáticos assumidos pelo Brasil, para reavaliar nossas metas para o Acordo de Paris para 2025 e 2030, buscando evitar aquecimento global para além de 1,5°C.
O Brasil é o país com maior índice de desmatamento nos últimos 34 anos, segundo pesquisa da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, publicada na revista “Nature”; e entre agosto de 2017 e julho deste ano, ela aumentou 39% em relação ao período anterior, conforme estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
A situação, neste caso específico, é de emergência, já que a Amazônia está na UTI. Entre as propostas apresentadas pelo ISA para deter essa destruição, uma certamente é a mais lógica, por ser, comprovadamente, a mais barata e eficaz: concluir o mais rápido possível os processos territoriais que estão paralisados – Terras Indígenas, Quilombos, Parques e Reservas e de Áreas Públicas. Que candidato teria mais condições de cumprir essa meta? Demarcação e desenvolvimento sustentável, já: está aí um bom começo para começar a definir seu voto.
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