A primavera chega com uma boa notícia: segundo um estudo da Embrapa, a agrofloresta pode ser a salvação da lavoura para os insetos polinizadores, que, se nada for feito, serão extintos. Abelhas e borboletas estão sumindo por causa das mudanças climáticas, da destruição do meio ambiente, do uso indiscriminado de agrotóxico e da monocultura. E a agricultura sintrópica busca justamente ser autossustentável como a natureza – o que ajuda a equilibrar o clima, recupera áreas degradadas e dispensa o uso de venenos artificiais e tem a biodiversidade como base. O segredo do método desenvolvido no Brasil pelo agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch, é justamente a convivência harmônica entre floresta e lavoura, aliar produção, recuperação de áreas degradadas e preservação. É um sistema que se retroalimenta, como a própria natureza. Com ele, é possível produzir não apenas alimento, como também madeira de corte. Segundo o pesquisador da Embrapa Ricardo Camargo, as agroflorestas, por trabalharem com uma maior diversidade biológica, oferecem mais variedade de abrigos e alimentação, o que atrai e ajuda a manter populações maiores e mais diversas de abelhas.
Sem abelhas, diversas espécies vegetais também vão desaparecer – não só os que servem para a alimentação humana, como também para o gado. E, segundo um estudo de pesquisadores da Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo (USP), as mudanças climáticas serão um fator decisivo concretizar este cenário catastrófico. Já segundo a Fundação Alemã para Animais Selvagens, o número de espécies de borboletas caiu pela metade nos últimos 30 anos só naquele país. A monocultura é uma das principais vilãs: os agrotóxicos, que reduzem a biodiversidade – matam não só insetos como também outros tipos de plantas. E segundo dois estudos publicados este ano na revista “Science”, pesticidas não apenas exterminam os insetos, como também prejudicam sua reprodução. As pesquisas foram feitas no Reino Unido, na Alemanha e na Hungria. Neste último país, o número de colônias do inseto caiu 24% em um ano.
Além da agrofloresta, outras atitudes de menor escala podem ajudar a salvar as abelhas. Em outro estudo da Embrapa, o biólogo Cristiano Menezes recomenda a criação de abelhas sem ferrão (como as jataís) nos centros urbanos. Segundo ele, é possível ter a sua própria colmeia em casa e, além de ajudar a preservar a espécie, produzir mel caseiro. Curitiba saiu na frente, inaugurando seu primeiro Jardim de Mel no Parque Barigui. Até o fim deste mês, serão instalados mais quatro. Para salvar as abelhas, cada gota conta.
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