No duro momento de transição pelo qual passamos, vida e morte figuram no centro do debate global. Enquanto respeitamos o conselho médico #FicaEmCasa, repensamos nossa forma de viver e em como lidamos com as mais diversas formas de vida do planeta – humanas ou não. Quando falamos em biotecnologia, em bioeconomia e em biodiversidade, também é disso que se fala. O “bio” no início da palavra vem do grego, significa vida. E é desse debate que sai a chave para o fim da crise.
“O que nos aguarda após a porta de saída da pandemia? Teremos uma aceleração inexorável de um futuro de uma economia mais verde, baseada no consumo de formas de energias mais limpas e renováveis? Acredito que, sim, estamos em plena transição energética, para melhor, e, se nós não nos atrapalharmos, o Brasil poderá desembarcar no novo século XXI.” As palavras não são de um ambientalista, mas do engenheiro mecânico e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn.
O que Zylbersztajn aponta é que ao fim das duras mudanças pelas quais estamos passando, um novo modelo nascerá. Neste formato, o Brasil pode se tornar uma grande potência. Afinal, somos reconhecidamente o país mais rico em biodiversidade no mundo, temos o conhecimento ancestral de ser um com a terra, e em nossas universidades há pesquisadores com capacidade de combinar esses saberes à mais moderna tecnologia.
Uma biopotência é uma potência de vida. E que outro país teria floresta em todas as direções? Pois se temos árvores de até 88 metros de altura na Amazônia, o Cerrado é a “floresta invertida”. Ali, o essencial não é visível aos olhos: o segredo está no subterrâneo. As árvores do Cerrado têm dois terços de seu corpo sob a terra, suas raízes são extremamente profundas e ramificadas, formando como uma grande esponja que protege a água em bolsões, garantindo a manutenção da vida durante o período da seca. Ali estão três grandes depósitos subterrâneos de água: os aquíferos Guarani, Urucuia e Bambu. Por isso o bioma é conhecido como “a caixa d’água da América do Sul”. O Cerrado abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do país.
As águas do Cerrado escoam para o Pantanal, uma das maiores extensões úmidas contínuas do mundo. Ele é berço de 4.700 espécies entre animais e plantas. Infelizmente, assim como a Mata Atlântica e o Pampa, ele está sob forte ameaça. A temporada de queimadas deste ano começou com alta nos registros de incêndios nos três biomas. No Pampa o aumento foi de 343%; no Pantanal de 186% e na Mata Atlântica de 44%.
Na Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, temos 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes, 221 de abelhas e 932 espécies de plantas. Todos só são encontrados ali. A biodiversidade do bioma sustenta atividades econômicas que vão para além da agricultura, especialmente nas indústrias farmacêutica, de cosméticos e química.
Mas a maior indústria que o Brasil tem, e que irá se valorizar ainda mais no futuro, é a da água. Todos esses ecossistemas são irrigados pela nossa maior e mais estratégica fábrica: a Amazônia. Cerca de 20 bilhões de toneladas de água que são produzidos todos os dias pelas árvores da Bacia Amazônica. Destruir a floresta seria como queimar ações no mercado futuro.
Mas se você prefere os números às palavras, em dezembro de 2019 o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) publicou um estudo mostrando como o investimento vale a pena. A cada 1 real investido em áreas protegidas, 15 reais são gerados em empregos diretos e indiretos, produtos agroextrativistas, pescados, conservação de recursos hídricos, e captura de gás carbônico. Quer investimento com retorno melhor que esse?
Acha que vale se informar mais antes de investir? Então venha conversar conosco no sábado, às 18h horas, no YouTube da Gota. Nosso papo vai ser com uma dupla que já rodou por todos esses biomas: Regina Casé e seu marido Estevão Ciavatta. Eles vão conversar com o arquiteto e urbanista Miguel Pinto Guimarães, presidente do conselho de Uma Gota no Oceano. O encontro virtual encerra a agenda no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente para celebração da semana do meio ambiente, que este ano trata da biodiversidade.
Já confirmaram presença Conservação Internacional – Brasil, Instituto Clima e Sociedade (iCS); Institute for Governance & Sustainable Development (IGSD), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), WWF-Brasil, Instituto Alana, Fundação Grupo Boticário, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Observatório do Código Florestal, Amazon Watch, Greenpeace, Observatório do Clima, Fundação SOS Mata Atlântica, Operação Amazônia Nativa (OPAN), ClimaInfo, Engajamundo, Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Centro de Vida (ICV), Charles Stewart Mott Foundation e Fastenopfer.
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