Nem sempre a realidade reflete nossas escolhas, mas diariamente temos a oportunidade de tomar pequenas decisões que, juntas, desenham o nosso futuro, e até mesmo o do planeta. Um recém-divulgado estudo da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade (CIDSE), uma organização que congrega agências católicas de desenvolvimento da Europa e da América do Norte, sugere medidas drásticas. Segundo o relatório A urgência climática: navegar para um novo paradigma, a produção e o consumo de energia respondem por 2/3 das emissões totais de gases do efeito estufa e 80% do CO₂. Caso a gente queira manter o aumento da temperatura média global em 1,5°C, será preciso banir o quanto antes os combustíveis fósseis e usar somente fontes de energia limpa. Já reduzir o consumo – e, por conseguinte, a conta da luz – também depende da gente.
Se fosse um país, o rebanho bovino brasileiro seria o 17º maior poluidor do mundo. O setor agropecuário é responsável por mais de 70% de nossas emissões. A CIDSE aposta que a agroecologia seria uma saída viável não só para diminuir emissões como também para alimentar o planeta. E isso não parece algo distante: a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) calcula que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos vá para o lixo por ano, o que dá cerca de 30% do total produzido. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas aponta que a família brasileira joga fora em média 128 quilos de comida por ano. Os seja, o maior problema é o desperdício; outro assunto que pode começar a ser resolvido em casa.
O conceito “pegada de carbono” é usado para definir a quantidade total de emissões de uma pessoa, uma organização, um evento, uma cidade ou um país. Reduzir, reusar e reciclar são os três pilares da sustentabilidade que contribuem para diminuir a pegada de carbono de cada um. São pequenos atos do dia a dia: dar preferência ao transporte público ou usar biocombustível em seu automóvel; não desperdiçar água; e só comprar o necessário. Para facilitar, anote numa agenda, até se tornar um hábito.
Só a má gestão de resíduos, além de danos ambientais e climáticos (na produção e no descarte) gera um prejuízo de R$ 8 bilhões anuais ao país; levar uma vida mais sustentável pode dar lucro. A ambientalista Fernanda Cortez, criadora do movimento Menos 1 Lixo e Defensora da ONU na campanha Mares Limpos, consegue economizar um bom dinheiro enquanto faz a sua parte para ajudar a preservar o clima. Só em produtos de limpeza e de higiene pessoal, que ela mesma faz em casa, deixa de gastar R$ 2 mil por ano. O desenvolvimento sustentável doméstico é o futuro.
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