Uma Gota no Oceano, em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), levou a campanha “Em nome de quê?” ao Global Climate Action Summit. Realizado de 12 a 14 de setembro em São Francisco, na Califórnia, o evento antecipa a COP 24, que acontece em dezembro em Katowice, na Polônia.
O painel “Em nome de quê?” foi realizado no dia 14, na Esquina Comunitária, que faz parte da programação paralela oficial da Global Climate Action Summit. Nele, lideranças indígenas, debateram os resultados do relatório “Cumplicidade na destruição: como os consumidores do Norte sustentam o assalto à Amazônia Brasileira e seus povos”, produzido pela ONG internacional Amazon Watch.
O estudo mostra a relação de políticos da bancada ruralista com as grandes multinacionais e como essas empresas, mesmo que indiretamente, contribuem para destruição da Amazônia. “A ordem para o tiro que mata o indígena e mancha a terra de sangue também parte das grandes corporações e do Congresso Nacional brasileiro”, disse Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib, durante o painel. O relatório identifica os principais agentes da destruição da Floresta Amazônica e as consequências sobre os povos tradicionais que nela habitam.
Além disso, apresenta os nomes de seis deputados ruralistas, de diferentes estados (Mato Grosso, São Paulo, Amapá, Pará e Paraná) que são os principais fornecedores dessas multinacionais, de diferentes commodities – soja, milho, algodão, laranja, eucalipto, trigo, frango e dendê. Todos apresentam um histórico de corrupção e são acusados de favorecerem crimes ambientais, sociais e econômicos relacionados à Amazônia Brasileira. Sendo que cinco desses deputados são candidatos à reeleição.
Entre eles estão os deputados federais Nelson Marquezelli, produtor de laranja que vende parte de sua colheita à Cutrale, uma das maiores fornecedoras de suco de laranja para a Coca-Cola e a Schweppes; e Adilton Sachetti, produtor de algodão, milho e soja, defensor da PEC 215, que ameaça a demarcação de Terras Indígenas – áreas que ruralistas historicamente lutam para transformar em fazendas. De acordo com o relatório, o deputado vende sua soja para a empresa do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a Amaggi. O ministro está entre os maiores produtores e exportadores de soja do planeta.
O objetivo foi deixar claro para o consumidor do Hemifério Norte, a parte mais rica do planeta, que quando eles consomem determinados produtos estão contribuindo indiretamente para a destruição da floresta e invasões em áreas protegidas e Terras Indígenas: “É preciso que o mundo, especialmente os povos do norte, da Europa e dos EUA, tenham essa consciência: de que o suco que você bebe, a bota que você calça, o chocolate que você come, o açúcar que você consome, a soja que você consome, o bife que você come estão sendo produzidos em Terras Indígenas”, disse Eloy Terena, assessor jurídico da Apib.
Baixe (PDF em inglês) o relatório da Amazon Watch
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