A 25ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 25) foi realizada entre os dias 2 e 15 de dezembro de 2019, em Madrid. O evento seria sediado em Santiago, no Chile, nas mesmas datas. No entanto, devido à onda de protestos que o país atravessava, o presidente Sebastián Piñera decidiu cancelar a realização da Conferência e a Espanha se ofereceu para sediá-la. Diretora fundadora de Uma Gota no Oceano, Maria Paula Fernandes, participou do evento a convite da organização suíça Fastenopfer. Ela esteve por lá ao lado de Andreia Fanzeres, coordenadora do Programa de Direitos Indígenas da Operação Amazônia Nativa (OPAN).
Levamos até Madrid a voz da jovem indígena Bheka no vídeo “Em nome de quê? – O Apelo de Bheka Munduruku”, que foi exibido na mesa “Energia limpa para todos: resistência de comunidades e soluções”, organizada pela Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade (CIDSE), rede de organizações católicas que agem pela justiça social. No vídeo, Bheka conta um pouco sobre o dia a dia do povo Munduruku, os “formigas vermelhas” que vivem no coração da América do Sul há mais de 4 mil anos, divididos em 120 aldeias. Ela também denuncia as ameaças às quais seu povo tem resistido, como o roubo de madeira, o garimpo ilegal e a construção de grandes hidrelétricas.
Cerca de cem pessoas estiveram presentes durante o debate, que contou com Jacob Maurice Johns, da Backbone Campaign USA, Margarita Parra, da Mobility Equity Lead USA, Antonio Zambrano, coordenador de energia limpa da Movimiento Ciudadano frente al Cambio Climático Peru (MOCICC) e Andreia Fanzeres (Opan). Após a projeção, Andreia fez um contundente relato sobre a violência contra lideranças indígenas e ONGs ambientais no Brasil. Ela explicou ainda para a comunidade internacional que Alessandra Munduruku, reconhecida liderança defensora dos direitos dos povos indígenas, das mulheres e do meio ambiente, teve sua casa invadida e computador roubado poucos dias antes da conferência.
Nossa casa na COP25 foi o “Brazil Climate Action Hub”, espaço organizado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS). Ali foi o ponto de encontro entre indígenas, ambientalistas, jornalistas, representantes governamentais, membros de organizações da sociedade civil, parlamentares e empresários. Também abrigou conversas sobre as ações a serem feitas em 2020, como o Acampamento Terra Livre (ATL).
A COP também foi uma oportunidade de fazer pontes e compartilhar experiências. No encontro entre membros da Aliança Global de Comunidades Territoriais e instituições brasileiras, o pessoal da Opan contou um pouco para Claudette Kawakukyenoh – presidente da federação Parikweneh, da Guiana Francesa, e membro da Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA) – sobre como os povos indígenas brasileiros estão desenvolvendo seus protocolos de Consulta Prévia. Ela é uma obrigação do Estado brasileiro de perguntar, adequada e respeitosamente, aos povos indígenas sua posição sobre decisões administrativas e legislativas capazes de afetar suas vidas e seus direitos. Acompanhamos o papo com ouvidos atentos, ao lado da equipe da Tecendo Laços.
Juntos, também participamos da Marcha do Clima, um dia de protestos organizados pelo movimento Fridays For Future, liderado pela jovem ativista sueca Greta Thunberg. Segundo os organizadores, meio milhão de pessoas participaram dos protestos no centro da cidade e foi uma das maiores manifestações pelo clima que aconteceram no país. Fechando nossa participação no evento, marchamos lado a lado com as lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o movimento jovem Extinction Rebellion.
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