O patrão ficou maluco, e para salvar a própria pele está promovendo uma queima total de áreas preservadas de florestas e de direitos dos povos tradicionais – e quem está dizendo isso não são apenas as ONGs ambientalistas, mas também a grande imprensa. O freguês – no caso, a bancada ruralista, que ocupa 40% das cadeiras do Congresso Nacional – está rindo de orelha a orelha, mas o precinho de ocasião vai deixar um baita buraco no balanço: só no caso da Medida Provisória 759, vulgo MP da Grilagem, o prejuízo pode chegar a R$ 19 bilhões, segundo dados da ONG Imazon. E estamos falando só de verdinhas, deixamos de fora dos cálculos as perdas sociais e ambientais. Para salvar o seu mandato e, quiçá, preservar sua liberdade, o presidente Temer pode levar a lojinha Brasil à bancarrota. Vamos deixar barato?
A conta, feita pela pesquisadora do Imazon Brenda Brito, compara a diferença entre o valor médio de mercado por hectare e o preço estabelecido pelas regras da MP 759. A regularização das terras invadidas na Amazônia corresponde uma área de 6,9 milhões de hectares (25.199 imóveis rurais), o dá mais ou menos cinco cidades de São Paulo. Outro agradinho à bancada ruralista pode custar mais um bom dinheiro aos cofres públicos: a MP do Funrural, que deve institucionalizar um calote de R$ 26 bilhões do agronegócio.
Para tentar nos convencer de que esta liquidação é um bom negócio e nos empurrar goela abaixo suas malfadadas reformas, o governo tem investido pesado em publicidade: a verba prevista para este ano, mais de R$ 200 milhões, já foi quase toda gasta no primeiro semestre. E ainda torrou R$ 4,1 bilhões em emendas, para que os parlamentares joguem o seu agá de vendedor para cima do eleitor. Quem não os conhece que os compre. Os gringos já sacaram que o produto é pirata: os noruegueses cortaram metade da grana que destinam ao Fundo Amazônia, uma bagatela de R$ 200 milhões, e o ministro francês da Transição Ecológica, Nicolas Hulot, já mandou avisar que seu país não vai mais importar óleo de soja de país desmatador. Vem mais prejú por aí.
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