O Sol vai brilhar por mais 7,5 bilhões de anos; logo, não foi inventada ainda nenhuma fonte de energia que seja mais renovável. Apesar disso, ela ainda é pouco aproveitada no ensolarado Brasil: a eletricidade gerada a partir da luz solar representa só 1,9% da matriz energética do país – para se ter uma ideia, as hidrelétricas respondem por 60% e a biomassa e a energia eólica, por 9% cada. Mas o setor vem ganhando força na última década e a previsão é que cresça 17 vezes nos próximos 20 anos, chegando a 32%. Em agosto, o país atingiu a marca histórica de 1 GW de geração distribuída. O Sol ainda há de nascer para todos no país tropical.
O Brasil planeja construir o segundo maior parque de energia fotovoltaica do mundo no município de Canindé de São Francisco, em Sergipe. O projeto prevê 1.200 MW de capacidade instalada – o maior é o Golmud Desert Solar Park, na província chinesa de Qinghai, que pode gerar 1.800 MW. Mas é na chamada geração distribuída, aquelas placas azuis que vemos no alto de casas e prédios ou em propriedades rurais e até mesmo aldeias indígenas, que a energia solar cresce a olhos vistos. O barateamento do equipamento, linhas de crédito específicas e subsídios são as forças motrizes desse avanço.
O número de instalações de painéis fotovoltaicos saltou de 7,4 mil em 2016 para quase 50 mil em 2018, um crescimento de mais de 500%. Hoje, mais de 100 mil casas e estabelecimentos comerciais brasileiros já são abastecidos por painéis solares – e as residências respondem por 70% desse número. No primeiro semestre de 2019 mais de 35 mil sistemas foram instalados – 175% a mais do que no mesmo período do ano passado. Brasília (14,8 KW) e Fortaleza (14,5 KW) são as cidades do país com maior potência instalada.
E tem outra coisa: a eletricidade brasileira é a quinta mais cara do mundo e, segundo uma pesquisa realizada pelo instituto Ilumina, entre 1995 e 2017 a conta de luz subiu 50% acima da inflação. Por isso todo mundo está correndo atrás de um jeito de economizar. Mas para instalar um painel solar em casa é preciso ter a autorização da companhia elétrica da sua região, e elas têm puxado a tomada do consumidor.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dá um prazo de até 15 dias para a distribuidora fazer a sua avaliação, mas ele não tem sido cumprido. Só entre janeiro e agosto deste ano, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) recebeu 416 reclamações. O sonho da casa própria hoje vem acompanhado do sonho da geração de energia própria, mas o pesadelo da burocracia tem impedido que ele se realize.